Me apaixonei por um Macunaíma. (O que não é difícil nesse Brasil.)
Afastei-o por sua falta de caráter. Esqueci que ele era cheio de caracter-ísticas como todos somos, pois somos seres sociais (coabitando em nós a individualidade de cada vivência social). 
Não percebi que presentificava-se nele a transparência da miscelânea que o compunha. Pois bem.... ao nega-lo neguei a mim mesma, me encobri com um pano preto que não ilumina e nem reflete.
Neguei o fato de que sou parte de um todo que me constrói e construo. Então neguei o meu imaginário, mas, como é impossível, não me desfiz dele. Agora observo meu reflexo, a falta de caráter. E vejo o problema de buscar um caráter (ou uma verdade) quando o meu ser sensível, que eu não controlo, informa ao meu ser pensante, que é independente apesar de sua dependência, que sou pluricultural. E ser pluricultural não é ser tudo não sendo nada, mas ser todo mesmo que ainda não me legitimem. 



Da bruta flor

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